Certamente, sabemos que mais e mais a saúde mental tem ganhado relevância dentro da discussão popular. Apesar de haver muito ainda a ser feito, discursos como "psicólogo é coisa de louco!" ou "depressão é falta de louça na pia", para nossa felicidade e satisfação, são menos disseminados com o passar dos dias.
Mas como disse: ainda há muito a ser feito. Sabemos que iniciar um processo de conscientização acerca dos transtornos mentais é fundamental. Uma pessoa deve saber quando é necessário buscar ajuda por problemas cognitivos, de ansiedade, estresse, insônia, depressão e outros. No entanto, devemos nos perguntar: ao mesmo tempo em que cresce a percepção a respeito da incidência e importância de nos atentarmos aos transtornos mentais, cresce também o conhecimento sobre formas de combatê-los?
Nesse sentido, é importante que a conscientização sobre ansiedade, depressão, estresse, TDAH, problemas de aprendizagem e outros seja, cada vez mais, acompanhada pela perspectiva e pelo conhecimento de um tratamento apropriado, de forma a combater os sintomas desses transtornos e oferecer uma maior qualidade de vida aos indivíduos que convivem com eles.
Assim como na medicina, existem modalidades diferentes de tratamento e suporte psicológico para os transtornos mentais. Diferentes abordagens de psicoterapia, psicanalíticas, comportamentais, etc. podem ser muito úteis. Da mesma forma, um suporte psiquiátrico, medicamentoso, pode ser crucial no manejo e tratamento adequado dos sintomas.
No entanto, cada vez mais, os avanços das neurociências, da tecnologia biomédica e da área do conhecimento da psicofisiologia, proporcionam aos profissionais mais possibilidades de intervenção para tratamento dos transtornos mentais. A partir de todos esses avanços, desenvolvem-se metodologias que buscam alterar o padrão de funcionamento do cérebro dos indivíduos que sofrem com transtornos mentais. Essa alteração, proporcionaria, não somente um ajuste momentâneo, realizado durante o processo de intervenção, mas acarretaria ganhos sustentáveis, uma vez que se estaria condicionando o cérebro a trabalhar de outra forma.
Uma dessas metodologias, cada vez mais pesquisada e disseminada no Brasil e no mundo é o Neurofeedback.
Neurofeedback, na verdade, é uma espécie de nome "comercial" para algumas modalidades de condicionamento cerebral, das quais se destaca a Neuromodulação Autorregulatória por EEGq em tempo real. Que nome grande! Mas não se preocupe, vamos explicá-lo.
O nome Neuromodulação Autorregulatória se dá pois ele exemplifica bem o processo. Durante um treino de Neurofeedback, o cérebro do cliente é condicionado a "modular", ou seja, alterar seu padrão de funcionamento. Isso ocorre a partir de feedbacks gerados pelo próprio cérebro do cliente, por isso, chamamos de "autorregulação". Esses feedbacks são obtidos por meio da visualização em tempo real do padrão de funcionamento elétrico do cérebro, ou seja, das ondas cerebrais, por meio do EEGq (eletroencefalografia quantitativa), sendo convertidos em estímulos visuais e auditivos que ajudarão o cérebro a alterar esse funcionamento e otimizar sua performance. Basicamente, é assim que o Neurofeedback age.
Mas por que é importante saber sobre isso?
É simples. O Neurofeedback, enquanto metodologia utilizada em demandas clínicas e para aumento de performance é pesquisado desde as décadas de 50 e 60 em universidades norte-americanas e tem se estabelecido, cada vez mais, enquanto intervenção padrão ouro para tratamento de alguns transtornos mentais. Dentre eles, destaca-se o TDAH, o transtorno mental com maior incidência em crianças de idade escolar que se tem conhecimento, afetando de 5 a 10% delas segundo o DSM-V.
Desde 2009, a Associação Americana de Pediatria recomenda o Neurofeedback como primeira intervenção no caso de crianças com déficit de atenção e hiperatividade. Não é por menos. Diversos estudos já confirmaram a eficácia e efetividade do Neurofeedback para tratamento desse transtorno, inclusive, promovendo a sustentação dos ganhos percebidos por 1, 2, 5 e mesmo 10 anos após o término do tratamento, que pode levar de 30 a até 120 sessões.
Mais do que isso, o Neurofeedback tem sido cada vez mais pesquisado e os resultados são muito promissores para a intervenção eficiente em casos de transtornos de ansiedade, depressão, insônia, problemas específicos de aprendizagem, dependência de substâncias, dores crônicas e outras condições. Inclusive, você pode ter acesso a muitas publicações de importantes revistas científicas tratando sobre esses estudos aqui mesmo em nosso site.
Aqui no Brasil, temos a atuação de importantes escolas, empresas e associações (como a Brain-Trainer Brasil, a PotencialMente e a Associação Brasileira de Biofeedback) que visam a disseminar o conhecimento prático e teórico dessa metodologia, de forma a fazer com que ela seja, a cada dia, uma possibilidade de intervenção pautada na neurociência e psicologia fisiológica, afastando-se de intervenções da psicoterapia tradicional ou de abordagens necessariamente farmacológicas. Dessa forma, o Neurofeedback se projeta como uma metodologia não invasiva, não medicamentosa, objetiva, e sem contraindicações.
Suas aplicações também são extensas, conforme demonstram pesquisas em diversos ambientes. Hoje, o Neurofeedback já é utilizado em sets clínicos como ferramenta terapêutica, mas, cada vez mais, cresce a perspectiva da democratização do acesso a essa metodologia enquanto possibilitadora do aumento da performance cognitiva e regulação emocional em escolas, academia e, até mesmo, empresas.
É justamente por essas razões que é importante saber sobre Neurofeedback. Para estar ciente dos avanços na psicologia que possibilitaram o estabelecimento de um novo método de intervenção pautado na neurociência. Para conhecer diferentes abordagens terapêuticas que podem ser úteis em te levar ou levar à sua família maior bem-estar e qualidade de vida. Para saber alternativas de processos com foco no aumento da performance a serem implementados em sua escola ou empresa.
Em suma: é importante saber sobre Neurofeedback pois, à medida que nossa conscientização a respeito de saúde mental cresce, é importante que também conheçamos perspectivas de intervenções para os problemas que se levantam. Não adianta apenas saber que depressão é um problema, é necessário saber de que forma ela pode ser tratada. Não adianta apenas dar mais tempo para um aluno com TDAH realizar uma prova, é necessário possibilitar a ele alternativas para diminuir os sintomas de seu transtorno. Não adianta apenas evitar os gatilhos de ansiedade de uma pessoa, é necessário oferecer a ela formas de regular seu funcionamento cerebral e emocional para que ela aprenda, cada vez mais, a lidar com as condições que a afetam.
Por isso, é missão da PotencialMente, enquanto referência na promoção de serviços clínicos e educacionais na área da psicologia, neurociência e saúde mental, possibilitar, por meio de suas iniciativas, que mais e mais pessoas conheçam o Neurofeedback e, também, outras abordagens que podem ser determinantes para que se adquira ou se retome hábitos de funcionamento e comportamento satisfatórios, com foco, sempre, no bem-estar.
E se você leu esse texto até aqui, deixamos o convite. Converse conosco! Busque mais informações em nosso site, mídias sociais e espaço físico! Pense em estar conosco em nossos cursos, workshops e palestras! Saiba que sempre estamos à disposição em nosso objetivo de levar os conhecimentos acerca de saúde mental adiante.
Agradecemos o interesse e desejamos uma excelente semana.
Potencialize-se!
Texto revisado pela Neuropsicóloga Patrícia Zocchi
CRP: 06/77641
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