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  • Foto do escritorBruno Zocchi

O que dizem os estudos mais recentes do Neurofeedback para o TDAH?

Atualizado: 27 de jul. de 2023



Na ciência, nada está provado para sempre ou "desprovado" para sempre. A atitude científica busca exatamente colocar as certezas à prova e, dessa forma, contribuir para que conheçamos cada vez mais o mundo. Nesse sentido, questionar e investigar são condições primárias para o desenvolvimento de qualquer campo científico.


Na neurociência e na psicologia, o mesmo ocorre. Sendo campos da ciência, o conhecimento dessas áreas é construído da mesma forma: colocando as certezas à prova e sempre com foco em trazer um conhecimento objetivo para as questões que se levantam.


Sendo assim, quando falamos de Neurofeedback para o TDAH, estamos pensando em uma mesma lógica. Estudos e mais estudos são publicados todos os anos para avaliar a efetividade da metodologia no tratamento e intervenção para o transtorno.


Sabemos que o Neurofeedback é uma ferramenta eficaz e efetiva para o tratamento do TDAH. Pelo menos essa é a posição da Academia Americana de Pediatria (AAP) que, desde 2012, recomenda o Neurofeedback como primeira intervenção no caso de crianças com TDAH, antes de que se recorra ao uso de medicamentos. Inclusive, já conversamos aqui no PotencialBlog sobre um estudo que aponta para o fato de o Neurofeedback ter os mesmos níveis ou até maiores níveis de efetividade no tratamento do TDAH que a Ritalina.


Bom, mas sabendo que o campo segue em constante desenvolvimento, o que os estudos mais recentes têm dito a respeito do uso do Neurofeedback para combater os sintomas do TDAH?


Para responder essa pergunta, levantei 3 estudos publicados entre 2021 e 2022 que tratam exatamente dessa relação. Vamos observar um por um.


O primeiro estudo é de fevereiro de 2021 e foi publicado na "Neuropsychiatric Disease and Treatment". O título é "Treatment Efficacy and Clinical Effectiveness of EEG Neurofeedback as a Personalized and Multimodal Treatment in ADHD: A Critical Review" (algo como "Eficácia do tratamento e efetividade clínica do Neurofeedback por EEG como um tratamento personalizado e multimodal para o TDAH: uma revisão crítica", em tradução livre).


Nesse estudo, os pesquisadores liderados por Garcia Pimenta avaliaram o seguinte: o que seria melhor para se combater os sintomas do TDAH? Utilizar protocolos de treino de Neurofeedback padronizados ou personalizar esses protocolos de acordo com a análise prévia do cérebro do cliente? E ainda: associar esses protocolos personalizados a ajustes comportamentais e de rotina (higiene do sono, psicoeducação, etc.) poderia trazer mais benefícios para a redução dos sintomas do TDAH do que o uso de medicação apenas?


Foi feita então uma revisão de 11 estudos randomizados e com grupo controle (um estudo com grande qualidade científica) que utilizaram essas variáveis para o tratamento do TDAH. Com isso, esperava-se colher os dados necessários para responder as perguntas levantadas.


Ao final da análise dos estudos, os pesquisadores concluíram que a literatura científica de fato aponta para uma maior efetividade do Neurofeedback personalizado para combater os sintomas do TDAH (exatamente como fazemos aqui na PotencialMente!) e que sim: associar o Neurofeedback a ajustes comportamentais tende a superar o efeito da medicação na redução dos sintomas do transtorno.


A partir desses resultados, esse estudo demonstra a força e o poder clínico de duas ferramentas que temos muita satisfação em aplicar no Treinamento Cerebral da PotencialMente: um plano de psicoeducações e psicoterapia atento às dificuldades e habilidades de nosso cliente e um programa de treinos de Neurofeedback totalmente individualizados a partir de uma ampla análise do funcionamento cerebral específico daquela pessoa. A evolução, como percebemos, tende a ser muito mais significativa.



O segundo estudo é de março de 2021 e explorou aspectos de conectividade cerebral, como problemas nessa conectividade podem estar relacionados aos sintomas do TDAH e se o Neurofeedback poderia atuar corrigindo essas disfunções e contribuindo para a redução do quadro sintomático.


O estudo, entitulado de "A Study on Resting EEG Effective Connectivity Difference before and after Neurofeedback for Children with ADHD" (ou "Um estudo da diferença de conectividade efetiva do EEG em repouso antes e depois do Neurofeedback em crianças com TDAH"), publicado na China e coordenado por Shanshan Wang, avaliou 22 crianças com TDAH e 15 crianças sem o transtorno e foi o primeiro estudo a determinar que crianças com TDAH apresentam uma conectividade cerebral alterada em termos de fase de onda (um conceito muito importante para a eletrofisiologia) e que o Neurofeedback, de fato, foi capaz de atenuar essa diferença após uma média de 6 meses de intervenção.


A grande força do estudo está no fato de que, mais do que apenas regular o funcionamento da conectividade cerebral, o Neurofeedback também foi capaz de, a partir disso, diminuir os sintomas do TDAH percebidos pelos pais e cuidadores das crianças que passaram pelo estudo. Ou seja, podemos considerar que o efeito eletrofisiológico do treino de Neurofeedback de fato se correlacionou com a melhora dos sintomas do transtorno, como o aumento da atenção e a diminuição de comportamentos hiperativos.


Algo interessante a ser pontuado sobre esse estudo é que ele seguiu uma metodologia muito parecida com aquela que utilizamos aqui na PotencialMente: treinos 2 vezes na semana com um bloco de 32 minutos de Neurofeedback por treino (aqui na PotencialMente temos um bloco de 30 minutos somado ao uso de outras ferramentas). Novamente, um estudo recente que demonstra a força clínica de um plano de Treinamento com Neurofeedback efetivo, nos moldes do Treinamento Cerebral da PotencialMente.



Por fim, o terceiro estudo, publicado em maio desse ano (há apenas 5 meses!) tratou de fazer um levantamento de tudo aquilo que foi publicado nos últimos 26 anos relacionando Neurofeedback para tratamento do TDAH. No final, 67 estudos randomizados e com grupo controle (os melhores estudos, ou seja, aqueles que serviram para a análise final) foram selecionados e seus resultados avaliados.


Publicado por Moreno-García e outros pesquisadores sob o título "Results of Neurofeedback in Treatment of Children with ADHD: A Systematic Review of Randomized Controlled Trials" ("Resultados do Neurofeedback no tratamento de crianças com TDAH: uma revisão sistemática dos estudos controlados e randomizados), esse estudo de fato fez um balanço muito extenso daquilo que o Neurofeedback alcançou enquanto intervenção para o TDAH.


E ao final da análise dos mais de 60 estudos avaliados, os pesquisadores afirmaram que, por mais que um ou outro estudo apresentasse algumas limitações, de forma geral, a maioria deles categorizou o Neurofeedback como uma intervenção eficaz e efetiva contra o TDAH e ainda com capacidade de gerar a sustentação da diminuição dos sintomas, ou seja, sustentar a melhora clínica por meses e mesmo anos após a intervenção.


Você pode acessar o estudo em:


Tendo tudo isso em vista, podemos fazer um excelente balanço dos benefícios que o Neurofeedback traz e continua trazendo para o tratamento de pessoas com TDAH. Mesmo nas pesquisas mais recentes, contamos com excelentes resultados na evolução do quadro e diminuição dos sintomas do transtorno de maneira sustentável com o uso da metodologia.


Sabemos que o futuro ainda nos reserva mais estudos, mais pesquisas e encaramos isso como algo sempre muito positivo. Afinal, como pudemos conversar, é assim que se faz ciência. E a PotencialMente sempre estará atenta aos melhores estudos para continuar evoluindo seu Treinamento Cerebral e suas práticas como um todo.


Texto revisado pela Neuropsicóloga Patrícia Zocchi

CRP: 06/77641


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